Cultura. Essa é a palavra.
No passado, a cultura de uma empresa era vista como uma extensão do dono ou fundador, moldada por sua personalidade, sonhos e desejos. As organizações estavam focadas, sobretudo, em gerar lucro, garantir resultados de curto prazo e assegurar sua sobrevivência. De modo geral, não acompanhavam de perto as transformações do mundo — a “velocidade de cruzeiro” era outra.
Hoje, essa lógica já não se sustenta. O mundo mudou, e delegar a cultura apenas ao dono, aos colaboradores ou aos clientes deixou de ser um caminho seguro para o sucesso. Como afirma Ricardo Guimarães, fundador da Thymus, uma das agências de branding mais conceituadas do país, há algumas décadas o ambiente de trabalho era simples, controlado, previsível, lento e estável. Hoje, tornou-se instável, complexo, fora de controle, imprevisível e ágil.
Vivemos no mundo BANI (Brittle, Anxious, Nonlinear e Incomprehensible), em que uma cultura atenta e adaptável às mudanças da sociedade é essencial para a perenidade das organizações. Para se manterem competitivas, as empresas precisam gerir sua cultura de forma planejada, alinhando a construção da estratégia, a gestão de pessoas, o desenvolvimento de competências e performance, a manutenção de um clima organizacional saudável e a valorização do reconhecimento e da meritocracia.
A cultura de uma empresa é seu “jeito de ser”, a forma como ela opera e se diferencia. Por isso, integrar esses elementos não é apenas desejável, mas indispensável.
Combinar a estratégia do negócio com a cultura e explorar os pontos fortes da empresa é o primeiro passo para promover transformações reais, especialmente para aquelas que buscam atrair investidores. Esse mercado rapidamente identifica e precifica o valor de empresas cuja cultura não está em sintonia com os tempos modernos.
Mais do que transformar, é preciso compreender que a evolução cultural das empresas não acontece da noite para o dia. Um exemplo clássico é a Ambev, que por muito tempo foi reconhecida — e até invejada — por sua cultura orientada a resultados, altamente competitiva e baseada na meritocracia. No entanto, com as mudanças na sociedade, a empresa percebeu que esse modelo já não se sustentava e que, sem uma evolução, poderia perder atratividade para os novos talentos.
A mudança de mindset da empresa aconteceu com uma virada de chave: as pessoas passaram a estar no centro de tudo, em um ambiente mais inovador e colaborativo, diferente da cultura anterior, pautada na ferocidade dos resultados e na busca incessante por produtividade.
A liderança foi sendo estimulada a adotar uma abordagem mais humanizada, focada no indivíduo, no bem-estar e na qualidade de vida. E por quê? Pela própria sobrevivência. Sem essa evolução, a empresa perderia valor diante de uma nova geração que prioriza qualidade de vida, flexibilidade, segurança psicológica, liderança inspiradora e equilíbrio.
Esse movimento reforça que grandes empresas — ou melhor, aquelas que realmente acompanham as mudanças da sociedade — podem evoluir sua cultura sem perder a essência, ajustando práticas para garantir sustentabilidade a longo prazo.

Para que essa transformação seja efetiva, é fundamental que a organização compreenda seu diagnóstico cultural atual, identifique os desalinhamentos em relação à cultura desejada, desenvolva uma visão unificada, elimine barreiras internas, calibre processos, incorpore tecnologias, aprenda com os próprios desafios e, acima de tudo, se comunique de forma clara e envolva influenciadores na construção desse novo caminho.
E então, como a sua empresa está conduzindo essa jornada de transformação? Lembre-se: ela não tem um ponto final, mas sim um processo contínuo de adaptação e evolução.