*Por Elaine Bastos Couri
Falar em uma empresa humanizada pode parecer redundante, mas é uma discussão mais do que necessária.
Se uma instituição é composta por pessoas, para pessoas e com pessoas, por que tantas organizações ainda negligenciam esse fator? O que torna uma companhia diferente da outra? Quem é responsável pelo clima de confiança e produtividade?
No centro da equação empresarial, encontramos sempre o elemento humano. E isso não muda, mesmo diante da ascensão da inteligência artificial. Afinal, é preciso que haja pessoas treinando e programando as máquinas. Portanto, falar sobre empresas humanizadas não é apenas um conceito, é uma estratégia para garantir a evolução e a perenidade dos negócios.
Uma empresa verdadeiramente humanizada coloca as pessoas no centro da articulação corporativa. Isso significa que acionistas, gestores, colaboradores, clientes e fornecedores são mais do que números em uma planilha; são a própria essência da empresa. Esse posicionamento gera um impacto direto nos processos, produtos e serviços, criando relações mais estruturadas e fidelizadas. E, quando isso acontece, reduz-se a entropia organizacional: menos tempo perdido, menos dinheiro desperdiçado e mais conexões valiosas.
Os dados falam por si. Uma pesquisa do Gallup revelou um fenômeno preocupante: seis em cada dez funcionários no mundo estão em situação de “quiet quitting“, ou seja, fazem apenas o mínimo necessário para manter seus empregos. Esse desengajamento impacta não apenas a produtividade, mas também eleva os níveis de estresse, comprometendo a saúde dos trabalhadores e, consequentemente, a economia.
Como mudar essa realidade?
A resposta está em construir uma cultura empresarial que inspire e engaje. Algumas diretrizes fundamentais incluem:
- Propósito claro e estimulante: Um forte senso de missão fortalece equipes e sustenta a empresa em momentos de crise.
- Valores bem definidos: Assim como faixas guiam os motoristas em uma estrada, valores claros orientam decisões e comportamentos organizacionais.
- Liderança humanizada e consciente: Líderes que reconhecem o potencial de suas equipes criam um ambiente de crescimento contínuo e alto desempenho.
- Negociação ganha-ganha: Empresas são feitas por e para pessoas, e garantir que clientes e fornecedores se sintam valorizados impulsiona a fidelização e a inovação.
- Transparência: Políticas claras e canais de comunicação bem estruturados fortalecem a confiança e a eficiência interna.
- Cultura de impacto, não apenas de performance: Empresas que olham além dos números e se preocupam com a governança, responsabilidade social e ambiental criam um legado mais sólido.
- Adaptabilidade: Saber acelerar diante das oportunidades e crises é essencial, mas saber quando desacelerar, refletir e celebrar também faz parte da inteligência corporativa.
No fim das contas, a questão não é apenas o que se pode ganhar ao humanizar os negócios, mas o que se perde ao não cuidar das pessoas. Se cada colaborador deixasse de enxergar o trabalho como uma obrigação e passasse a entendê-lo como um caminho para uma vida melhor, o que ele poderia produzir a mais?
Se cada empresa assumisse sua parte nesse processo, quantos trilhões poderiam ser revertidos para a economia global?
A resposta está em colocar pessoas e gestão em movimento, com uma rota bem definida e compartilhada com todos os viajantes dessa jornada. O futuro dos negócios passa, inegavelmente, pela humanização.
SOBRE ELAINE COURI
Sócio fundadora da Insight, Elaine é psicóloga com mais de 15 anos de experiência em desenvolvimento humano e organizacional. Com pós-graduação pela USP e especialização em Gerenciamento de Projetos pela UNICAMP, alia sua formação técnica sólida com uma abordagem humanizada. Sua expertise em coaching e gestão de pessoas a torna uma referência em transformação organizacional e desenvolvimento de lideranças.